Muitas vezes, alguns profissionais acabam enxergando a liderança na ISO 9001 apenas como um requisito técnico. Ou seja, algo que a norma exige e que, burocraticamente, precisamos atender! Algo pouco importante. Mas neste texto veremos que ela é muito mais do que isso!
A liderança exerce um papel decisivo na sustentação e na evolução de qualquer sistema de gestão da qualidade (SGQ). A ISO 9001 dedica uma seção inteira às responsabilidades da alta direção porque isso é um consenso mundial decidido, antes, no famigerado anexo SL. E a razão disso é simples: iniciativas de melhoria só prosperam quando há compromisso real dos líderes organizacionais!
Essa não é uma questão apenas teórica, mas algo decidido a partir de evidências do impacto da liderança. Uma pesquisa da Harvard Business Review constatou essa realidade. Nela, os pesquisadores descobriram que mais de 70% das iniciativas de melhoria falham por falta de apoio da liderança. Em contrapartida, quando existe engajamento ativo dos líderes, o índice de sucesso chega perto de 80%.
Mesmo por que alocação recursos, cultura, divulgação interna e apoio prático determinam o destino de qualquer projeto — seja ele parte do SGQ ou não. Por isso, hoje vamos falar um pouco sobre a liderança na ISO 9001 e como ela impacta esses fatores. Além de entendermos por que você deve trabalhar esse aspecto ativamente na sua empresa! Dito isso, vamos ao conteúdo?
A liderança como formadora da cultura organizacional
A cultura é algo muito amplo, abrangente, mas para entendermos o impacto dela neste texto, vamos definir que a cultura é o conjunto de ações das pessoas dentro do ambiente de trabalho. Assim, se a cultura estimula a ação, ela acontece!
Por sua vez, a liderança (na ISO 9001 ou em qualquer outro aspecto) define o tom cultural da organização. Assim, se ela enxerga o sistema como custo ou burocracia, essa visão se espalha, mas se o trata como algo estratégico, a organização responde na mesma direção. Ou seja, a forma como a cultura vê o SGQ define se ele será bem visto e incentivado ou mal visto e excluído.
Além disso, sem liberação de recursos — financeiros, humanos, tecnológicos ou mesmo algumas horas do time — nenhum projeto avança. E a alocação desses recursos é responsabilidade da liderança. Então, sem o apoio dela, nada acontece…
💻 Papel da liderança na ISO 9001 (vídeo)
Antes de continuar a leitura, que tal ver esses pontos explicados de forma clara e direta pela nossa gerente técnica? Convidamos você a assistir ao vídeo completo no nosso canal no YouTube. Nele, a Ana Carneiro, Gerente Técnica aqui da QMS, falou um pouco mais do papel da liderança no sistema de gestão da qualidade, trazendo exemplos reais, reflexões importantes e insights valiosos para sua rotina.
Vale muito a pena assistir para complementar a leitura e enxergar tudo isso com ainda mais clareza. Clique no botão abaixo e acompanhe:
A responsabilidade do gestor em convencer a alta direção
Mesmo sabendo o quão vital é o apoio da alta direção, precisamos entender também que essa adesão não se conquista apenas cobrando engajamento, apenas com discursos vazios. Nós como gestores, analistas, técnicos e outras lideranças internas precisamos também levar dados, fatos e argumentos que façam sentido para a alta direção. Ou seja: precisamos falar a língua da alta direção!
Portanto, a discussão precisa estar alinhada aos objetivos estratégicos: sustentabilidade, compliance, expansão de mercado, riscos, indicadores, produtividade, desperdícios, oportunidades e outros fatores nesse sentido. Assim, é essencial traduzir linguagem técnica em elementos estratégicos que apoiem a tomada de decisão.
Essa visão e, mais que isso, comunicação é o que vai fazer a diferença na hora de conquistar o engajamento e, assim, reforçar a cultura, os recursos e o apoio à qualidade e ao SGQ!
A análise crítica como ferramenta estratégica
Sabemos que na correria da rotina diária nem sempre temos tempo para analisar dados extras, criar apresentações e manter a comunicação ativa. Por isso, nós precisamos aproveitar cada momento para reforçar a importância da liderança na ISO 9001 e no sucesso do SGQ.
Assim, a análise crítica pela direção é uma das principais ferramentas – se não a mais importante. Isso porque ela é o momento de mostrar resultados, indicadores, reclamações e satisfação do cliente, riscos, competências, gargalos e oportunidades. Assim, cabe a nós transformar essas informações em insumos claros, acionáveis e relevantes.
Mesmo em casos mais difíceis, em que a alta direção não quer falar sobre a qualidade, a análise crítica será uma obrigação normativa. Esse é o momento de mostrarmos a importância dela, de ressaltarmos seus resultados, constatações e a atuação na empresa e em seus resultados.
Esse é o momento de mudar a mentalidade das pessoas e, talvez, esse seja o verdadeiro motivo de a Análise crítica do SGQ ser obrigatória na norma, por que ela é uma forma de trazer a qualidade para a mesa e para os olhos da diretoria.
Direcionamento: o alinhamento entre liderança e processos
Obviamente, a importância da liderança na ISO 9001, nos processos e na organização e seus resultados vai muito além de uma breve discussão. Mas, em resumo, a liderança decide para onde vão os recursos, mas é o gestor do sistema que precisa demonstrar por que investir no fator X ou Y faz sentido.
Dessa forma, quando esses dois elementos caminham juntos, o SGQ se torna um ativo estratégico e a organização alcança níveis superiores de desempenho e maturidade. Esse é o caminho não só para a qualidade, mas para o alcance e manutenção da excelência operacional! É nesse alinhamento que surgem decisões mais maduras, processos mais robustos e resultados que realmente se sustentam no tempo.
No fim da história, é essa sintonia entre quem define o rumo e quem conduz a trilha que abre espaço para algo maior: uma cultura de excelência capaz de manter a organização competitiva, resiliente e preparada para ir além do óbvio. Assim, trabalhar a liderança vai muito além de um simples requisito normativo da ISO 9001, é uma forma de ir além, conquistar resultados e evoluir processos!





