A implementação da ISO 45001, assim como de qualquer outra norma ou padrão ISO, pode dar margem a diversos erros. E isso pode acontecer por diversos motivos: falta de competências dos líderes do projeto, má compreensão do texto da norma, problemas de execução e até mesmo pela simples imaturidade do sistema.
Esses erros podem custar caro, comprometendo o futuro do sistema de gestão da saúde e segurança ocupacional (SGSSO) como um todo. Alguns deles podem fazer com que as pessoas não se engajem, outros podem fazer com que acidentes não sejam prevenidos, alguns podem até mesmo colocar a certificação em risco. Ou seja, quando não fazemos a correta implantação, o objetivo do SGSSO acaba se perdendo.
Por isso, no conteúdo de hoje, vamos falar sobre alguns erros comuns na implementação da ISO 45001 que devemos evitar. Alguns deles, inclusive, podem se aplicar a outras normas também, porém hoje focaremos na 45 mil. Ao ler este texto, algumas red flags serão levantadas e você saberá no que focar ao trabalhar em implementações. Dito isso, vamos lá!
Implementar documentos ao invés de um sistema
Infelizmente, muitas empresas ainda acreditam que basta criar manuais, políticas e procedimentos para ter a ISO 45001. Quando isso acontece, elas acabam tratando o projeto de implementação apenas com foco documental. Assim, ao invés de criar processos, dispositivos e monitoramentos, elas apenas criam burocracia.
O maior problema disso é que a norma exige prática e só assim pode realmente fazer a diferença na sua empresa. É preciso gastar tempo pensando em controles reais, envolvendo as lideranças e fazendo a consulta e participação dos trabalhadores. É preciso realmente focar em evitar acidentes e garantir mais saúde e bem-estar para os colaboradores.
Do contrário, as consequências são claras: papel sem ação não sustenta certificação! Muito menos melhora os níveis de produtividade ou reduz o absenteísmo. Então, vá além dos documentos!
Não envolver os colaboradores no projeto
Um dos grandes diferenciais da ISO 45001, senão o maior, é a ênfase na consulta e participação ativa dos trabalhadores. A norma exige que essa parte interessada seja consultada, pois ela é a mais impactada pelas ações da norma.
Dessa forma, quando as empresas que ignoram a escuta da equipe, a certificação por si só não será possível. Além disso, essas empresas acabam criando procedimentos que não funcionam na prática, rotinas que só existem no papel e processos que não protegem as pessoas ou melhoram os resultados. Na prática, o que elas fazem é criar documentos que ninguém segue.
Portanto, um dos piores erros (e um problema gigantesco) da implementação da ISO 45001 é ignorar quem mais deveria ser beneficiado. Faça a consulta, foque na participação e torne o SGSSO um ponto de melhoria e engajamento geral das pessoas!
Avaliar superficialmente os riscos e as oportunidades
Um erro frequente é fazer apenas um levantamento de riscos ocupacionais “para cumprir tabela”, apenas preencher uma planilha para ter evidências falsas na hora da auditoria de implementação da ISO 45001.
Entretanto, a norma pede uma análise robusta, considerando riscos físicos, químicos, biológicos, psicossociais e também oportunidades de melhoria em SST. Esse levantamento, muitas vezes, é o que vai realmente prevenir ocorrências e melhorar as rotinas.
Quando a empresa ignora ameaças, muito provavelmente ignora também acidentes e outros problemas que podem levar ao absenteísmo. Isso reduz a produtividade e faz com que gestores e processos sofram com falta de mão de obra. Já quando ela ignora oportunidades, perde chances de melhorar a produtividade e ir além, estagnando e perdendo competitividade.
Alta Direção que não se engaja na implementação da ISO 45001
Esse é certamente um dos piores problemas, pois a Alta Direção pode ser um grande impeditivo na hora de alocar recursos ou implementar dispositivos de SSO. Além de que, quando a diretoria não se engaja, ela emite uma mensagem clara para o restante da empresa: a implementação da ISO 45001 não é importante.
Por esses motivos, a norma é muito clara: a liderança precisa assumir responsabilidade pelo sistema de gestão de SSO! Quando a direção delega totalmente ao “técnico de segurança” ou ao “Recursos Humanos”, perde-se força. Bem como, decisões estratégicas e os recursos não acompanham o processo, tornando o sistema obsoleto antes mesmo de ele ser, de fato, implementado.
Portanto, o engajamento da Alta Direção e das demais lideranças é o primeiro passo, e o mais importante. Com isso, conseguimos um sistema robusto, ativo e culturalmente ativo. Algo que vai melhorar a vida dos colaboradores, implementar melhorias, conquistar resultados positivos e aprimorar todos os processos. Assim, conseguimos não só o certificado, mas uma empresa mais competitiva, segura e sustentável!
Implementação da ISO 45001 vai muito além da certificação
Existem muitos outros erros que poderíamos citar aqui, porém para finalizar, vamos ao pior de todos, e infelizmente talvez o mais comum: fazer uma implementação da ISO 45001 exclusivamente focada em “tirar o certificado”.
No geral, esse tipo de implementação tem foco exclusivo na auditoria de certificação, mas não na real melhoria da saúde e segurança dos colaboradores. Isso traz diversos problemas, com o primeiro deles sendo que esse tipo de sistema tende a se enfraquecer depois do famoso “selo na parede”. Com o enfraquecimento, cada vez mais esforço é necessário para manter a certificação, consumindo recursos e criando-se, assim, cada vez mais burocracia.
Lembre-se sempre: a verdadeira essência, e valor, da ISO 45001 está, antes de qualquer outra coisa, em cuidar das pessoas e salvar vidas! Implementar a norma de forma consciente é investir em uma cultura sólida de prevenção, onde cada colaborador se sente parte ativa da segurança no trabalho.
Quando a norma é aplicada de forma genuína, ela deixa de ser apenas um requisito e se torna um diferencial competitivo, fortalecendo a confiança, o engajamento e a sustentabilidade da organização. Em vez de burocracia, nasce um sistema vivo, capaz de transformar o ambiente de trabalho em um espaço mais humano, produtivo e seguro. E isso só é possível quando todos os fatores são pesados, medidos e trabalhados corretamente! Agora, cabe a você decidir se quer apenas papéis vazios, sem sentido, ou se quer fazer a diferença no mercado e na vida dos seus colaboradores!